quarta-feira, 30 de novembro de 2016

TEXTO: Término.


Terminou. Segui em frente. Tentei me refazer. Refiz. Me perdi. Enlouqueci. Mas tava tão difícil continuar com aquele namoro que acreditei que o mais justo com nós era colocar um ponto final. Me enganei. Não me vi sozinha, pelo contrário, companhia não faltou. O tempo foi passando e eu preferi acreditar que aquela saudade ia passar e eu dizia: vivo bem sem ele. Menti. Não vivia e não vivo. Tudo me lembrava, tudo me levava para o mesmo caminho, a mesma pessoa. Doeu. Caí, mas levantei.

 Dizem que quando a gente conta várias vezes a mesma mentira, ela vira verdade porque acabamos acreditando nela. Confiei, agora vai. Segui em frente, e dizia: não sinto mais nada por ele. Chegava a noite, tudo piorava. Dizem que saudade é como resfriado, sempre piora a noite. Então, comecei a aceitar a hipótese de eu ainda ser completamente apaixonada por ele, estremeci. Caí, levantei e me recompus. Pensei: não pode ser, não é justo. Mas segui, tava pagando pra ver. Paguei caro. Não me vi sozinha mas quis ficar e fiquei. 

Fugi de qualquer coisa que pudesse me levar a ele. Achei nossa aliança. Enlouqueci. Peguei o celular. Liguei. Outra atendeu. Desliguei. Desabei. Sentei no chão. Chorei. Pensei: não é justo com ele, ele seguiu em frente, não posso fazer isso, fui eu quem não quis mais, não é justo com ele. Mas naquele momento o meu coração ficou tão apertado e baixinho disse: liga. Liguei. “Alô?” admito: que saudade daquela voz, a vontade era dizer: volta? Volta pra mim, eu não existo longe de ti, me devolve. Me controlei. Não disse. Combinamos de sair pra conversar no dia seguinte. Desligamos. “Tchau”. Mas a vontade de dizer e ouvir “ó, ainda te amo.” ficou. Nada foi dito. Agora eu te pergunto: volta? 

Aquilo que parecia ponto final, é só uma vírgula. Ou se foi ponto final, vamos recomeçar nesse parágrafo. Talvez, precisávamos desse tempo longe. Amadurecemos, assim espero. Espero, ansiosamente, pelo momento que vou te ver na minha frente, pertinho. Poder te tocar, olhar, sentir, beijar. Beijo que nunca existiu melhor, que desde o primeiro, se encaixou. Tudo encaixou: beijo, abraço, carinho, corpo… Teu corpo no meu.

 Que saudade de te sentir em mim, fazer amor contigo. Agora digo: meu amor, nenhum outro corpo tem graça como o teu, meu corpo é o encaixe do teu, meus pés foram feitos para caminharem paralelos aos teus, minhas mãos para andarem de mãos dadas com a tua, minha risada para fazer sinfonia junto da tua, o meu amor pra ser todo teu e a minha vida para ser todinha tua. Eu te amo tanto, volta?

- Desconhecido

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Eu, modo de usar:


Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor, mas… Permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. 

Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude.

 Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). 

Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem… Gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: Boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade. 

Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês, mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca… Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família… Isso a gente vê depois… 

Se calhar… Deixa-me dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos… Faça-me massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar… Experimente me amar!

Martha Medeiros